data-filename="retriever" style="width: 100%;">"Por mais que você programe a sua vida, a qualquer momento tudo pode mudar". O coronavírus é o exemplo de quão verdadeira é essa afirmativa, em poucos dias ela se tornou a realidade de milhões de pessoas. Assistindo aos noticiários, diariamente, percebemos o quanto essa nova doença vem afetando a vida das pessoas em todas as partes do mundo.
Em alguns momentos, até parece que estamos assistindo a uma série da televisão e não à realidade. Por conta da pandemia, os mais famosos pontos turísticos estão desertos. A centenária cerimônia de entrega da chama olímpica, da Grécia para a sede das Olimpíadas, dessa vez, vai ser com portões fechados, sem público. Escolas, universidades sendo fechadas, em várias partes do mundo. Cerimonias de casamento, formaturas, grandes eventos e shows sendo cancelados. Proibição de visitas nos presídios, gerando motins. No Irã, milhares de presos sendo libertados. Na China, Itália e França foram impostas limitações às pessoas circularem pelas ruas. Fronteiras sendo fechadas, famílias sendo separadas. No entanto, o pior de tudo é o número de desempregados que cresce alarmantemente em vários países, demonstrando que não se trata apenas da alteração, temporária, de hábitos cotidianos, mas, de uma mudança que afeta não apenas o presente, mas o futuro de várias pessoas.
Agregado a todos esses fatos, ainda somos bombardeados com notícias falsas, teorias de conspiração, opiniões de pessoas que não acreditam na gravidade da doença, agressões gratuitas contra os infectados e outras situações que só fazem agravar os momentos de insegurança e incertezas. Essa incerteza generalizada está parcialmente fundamentada na percepção de que nosso relógio cultural foi redefinido, se não quebrado, pois, para reduzir a disseminação do coronavírus, os governos e instituições estão cancelando as atividades pelas quais medimos o tempo. É como se o mês de março e, possivelmente, boa parte de abril, tivesse sido cancelado. Esses fatos mudam a nossa rotina e, em decorrência dela, nos sentimos mais estressados e inseguros. Com a retirada de nosso planejamento diário, nossa vida se desorganiza, pois, perdemos as referências.
Há outra mudança significativa decorrente da nova doença. No último final de semana, li uma entrevista de uma americana acostumada à vida com furacões, portanto, a viver sob perigo. Ela fez uma relação com a vida sob ameaça de furacões e o surgimento do coronavírus: quando há o alerta de furacão, a decisão é pela evacuação, a diferença é que, nessas situações, as pessoas se unem, com a nova doença, por necessidade, elas têm que se isolar, agravando a insegurança.
Não há como antecipar o que acontecerá nos próximos dias, nem quais serão as medidas e respostas do governo sobre a progressão do novo vírus. A única certeza que temos é que nossos estilos de vida estão sendo alterados, a cada momento, direta ou indiretamente. Por quanto tempo essa situação de incertezas e de distanciamento social permanecerá, não sabemos. Não há prazo para o retorno à normalidade, o que apenas exacerba a sensação irregular de viver nossas vidas em constante estado de hesitação. Então, o que podemos fazer para enfrentar as angústias e incertezas? Os estudiosos da área sugerem: esteja atento, não se exponha, siga as instruções das autoridades sanitárias, não exija soluções rápidas e não julgue, pois, nem sempre teremos respostas imediatas para os eventos da vida.